Priscilla, Uma Lição de Vida

No dia 2 de março de 1991, nascia uma menina que iria se chamar Jessica, porém o pai desta menina estava trabalhando em São Paulo, e a família se preocupava da hora do parto. (a mãe dela teve um sonho: que o parto seria maravilhoso, muito tranqüilo até ficou admirada). Então no sábado em que o esposo veio de São Paulo e era a última consulta pré-natal, o médico disse que a mãe já estava com dois cm de dilatação, porém a gestante não sentia dor nenhuma. Foi para casa andando, almoçou, se preparou e falou com o esposo: - Vamos para o hospital. Ela estava tão bem que foram andando. Chegando lá ficou internada às 16 horas. Começou uma cólica e então às 18 horas nasceu uma linda menina. A mãe ficou tão surpresa que decidiu procurar na Bíblia um nome legal, porém não queria nome estranho. Pegou a Bíblia e quando abriu caiu no texto de Atos 18 que fala de Áquila e “Priscila”. Então quando cheguei em casa contei e o bebezinho não seria mas Jessica e sim Priscila.


Anos se passaram e a menina com três anos foi para a escola, com seis anos já sabia ler, então fez a primeira série, gostava muito de livros. Com oito anos já improvisava uma sala de aula para dar aula para crianças de 3 e 4 anos. Pedia-me até um relógio para marcar a hora do recreio.

No início do ano de 2000, ainda com oito anos, ficou resfriada então a levei logo no pediatra, antes de começar a trabalhar em fevereiro, porém em 2 de março já encontrava-se internada. O médico até deixou levar uma tortinha, pois ela fazia nove anos numa quinta-feira e logo no domingo ela seria transferida. Passamos no Hospital D. Pedro, porém não ficaram com ela, partimos para outro hospital.

O médico que nos atendeu falou: Não posso ficar com essa criança, pois do jeito que está o pulmão é caso de CTI a qualquer momento. E Priscila se encontrava tranqüila e conversando. Ainda comeu um lanche. A doutora de Itaguaí apavorada falou: - Vamos para o Souza Aguiar. Mãe, eu subo com sua filha direto e a senhora faz a ficha. Na tarde daquele domingo ela ficou internada no Souza Aguiar, porém tratando da pneumonia como em Itaguaí. Na terça-feira, procurei a médica de plantão e falei as minhas preocupações, pois quando saí de Itaguaí eles suspeitavam de tuberculose. Então ela providenciou que minha filha fizesse ultra som e tomografia. Os médicos ficaram tão alvoroçados que não tiveram coragem de conversar comigo. Como ela estava na emergência, os exames dela ficavam por cima da cama, para que cada médico de plantão tivesse acesso, foi então que peguei para ler. Falava algumas palavras que eu ainda não compreendia os significados, porém era claro que definiam que os rins, fígado e pulmões estavam comprometidos com a doença. O Pâncreas, lembro-me até da frase: “pâncreas indefinido”.

Foi então que um buraco se abriu em toda a extensão, porém um nó na garganta que nem água descia. Foi quando desci para o refeitório com outras mães, mas roboticamente, perdida nos meus medos e receios. Resolvi subir sozinha e tenho gravado até o dia de hoje “aquelas escadas pretinhas de mármore que eu pisei com firmeza recitando um versículo”: Se te mostrares frouxo no dia da tua angústia suas forças serão pequenas (Provérbios 2,4). Foi como uma injeção do Espírito, pois dois ou três dias, quando minha irmã me rendeu, que eu fui à minha cidade e estávamos orando, eu não compreendia de onde vinha tanta força. Foi quando eu olhei e contemplei que alguém me segurava nos braços e compreendi o versículo acima. Foi em um culto normal que o dirigente deu a oportunidade a um irmão e ele falou esse versículo, porém eu ainda não passava por aflição alguma, mas estava ligada e o versículo ficou em meu coração que posso dizer que foi meu companheiro em minha trajetória. Até uma médica, chamada Dr. Elisa, um dia me falou: Mãe, sei que estas sofrendo, porém é nítido um brilho, algo diferente em você. Eu falei de minha experiência na escada, então ela pegou a agenda e falou: - Preciso anotar esse versículo! Ela me ajudou muito a conseguir uma vaga para minha filha no INCA.

Continuando uma jornada dura, se não me engano, dia 13 de março, sei que era uma segunda-feira, minha filha já estava com dificuldades para respirar, fomos para o INCA, fizemos o prontuário e muitos exames, mas a noite ela piorou indo para o CTI, pois precisou ficar entubada para poder respirar e mesmo nesse processo ela se foi duas vezes e os médicos usaram o método de ressuscitamento para que ela voltasse. Fizeram a biópsia por punção e começaram o tratamento de quimioterapia e radioterapia e no domingo, fazendo sete dias, a doutora falou: - Mãe fique mais alguma hora com sua filha. Então eu me agarrei com Deus e meditei dizendo: - Sei que Tu ressuscitou Lázaro e pode também nos dias de hoje. Passou mais 3 dias quando meu esposo me rendeu e o médico disse: -Pai não quis falar com a mãe, mas já fizemos de tudo e não tem melhora e já acabaram todos os nossos recursos. Mas meu esposo disse que já havia acabado os recursos dos homens, porém ele ainda tinha o recurso dos céus. Naquela mesma noite meu esposo diz que sentiu algo sobrenatural. Quando passou, ele se aproximou do leito e todos os aparelhos estavam desligados e nossa filha estava serena. Ela chamou a doutora e ela veio meio assustada ouvindo a respiração e os batimentos e virou pra meu esposo e falou: Pai. É Deus. Meu esposo pediu que a desemtubasse, mas ela falou: Não podemos, porque não é assim. Porém naquele dia ela foi levada como todos os outros dias, para a radioterapia, mas sem ligar a aparelhagem. Quando ela voltou, eles a desemtubaram e no outro dia, sexta-feira de manhã, teve alta do CTI e na segunda, foi para casa. Nessa ocasião, quando ela saiu subitamente do CTI, o técnico da radioterapia fez uma mensagem, que, mas parece uma oração. PRISCILLA UMA LIÇÃO DE VIDA.

Fez radioterapia e quimioterapia, porém seu cabelo não caiu. Operou e entrou no controle. Quando no outro ano foi fazer o exame de tomografia, reapareceu no pulmão e começamos de novo o tratamento, porém mais agressivo. Passamos por diversas adversidades, uma delas foi quando minha filha estava fazendo uma das seções de quimioterapia que agora era quatro dias consecutivos. Ela teve que colocar cateter, pois as veias não suportavam tantas furadas. Então numa sexta ela chegou à noite com minha filha Aline do hospital e teria que retornar no sábado às 5 horas da manhã, porém vendo que estava febril, dei novalgina, e queria arrumar um carro para ir ao INCA, pois era a instrução que o médico dava. Porém a Priscila me pediu: - Mãe a ambulância não vem de madrugada deixa eu dormir na minha cama. Ela não sentia nada, achei que poderia esperar. Para minha surpresa as zero hora e trinta minutos chega um carro no meu portão, era o chefe da ambulância, sem eu se quer ter dado um telefonema. E falou: - De repente me veio um pensamento: vai à casa da menina que faz tratamento no INCA e eu impulsionado cheguei aqui. Então achei melhor pedir e falei: A Ambulância não pode nos levar agora, ela teve febre. Ele ainda retrucou que às 5 horas a ambulância viria. Eu sem saber do perigo que corria, falei:- Ah, se eu for agora, às 5 ela já estará sendo medicada. Então ele foi e mandou a Ambulância. Quando chegamos ao hospital não havia ninguém na emergência, que é uma coisa difícil, pois os médicos atendem todos e seguem cada paciente para a sua especialidade. Então a doutora rapidamente providenciou a retirada do cateter, pois a Priscila precisava tirar o cateter imediatamente. Como não havia pacientes retirou ali na emergência mesmo e a Priscila foi para a pediatria, porem a doutora de 15 em 15 minutos vinha no leito da Priscila, que chegou a reclamar:- Mamãe, eu quero dormir e toda hora a doutora vem aqui. Então uma das vezes minha filha falou enrolado e a doutora disse a enfermeira:- Desce o João Pedro do CTI para subir a Pri. Então fiquei assustada e quando ela se afastou um pouco do leito perguntei: - Minha filha pode ficar com problema neurológico? E ela me respondeu:- Mãe, sua filha pode morrer a qualquer momento e se a senhora demorasse a vir, não conseguiríamos fazer nada. Nem sei explicar como consegui ficar firme, foi uma das situações mais difíceis, pois minha filha estava lúcida, como explicar se me desesperasse? Então o que me sustentava “Se te mostrares frouxo no dia da tua angustia, sua força será pequena”. Porém passamos por mais essa, pois ela milagrosamente deu a volta por cima, ficando no controle novamente. Então no ano de 2002, quando ela faria 11 anos e iríamos comemorar o aniversário dela, fui ver um sábado propício. Observei o dia em que o aparelho desligou-se sozinho que era uma quinta no ano de 2000, agora era sábado, então marcamos o aniversário e o culto com todo o testemunho, o técnico da radioterapia, o que fez a mensagem compareceu, até o chefe da ambulância que eu tentei comunicar com ele, mas não tinha conseguido. Pela manhã, quando estava organizando os preparativos, pensei: Oh, não consegui chamar o chefe da ambulância, na mesma hora um versículo ecoou em minha mente: “Agrada do Senhor que Ele concederá o desejo do seu coração”. Quando a noite eu estava testemunhando, quem chega? O chefe da Ambulância.

Priscila organizou duas coreografias. Uma delas era “Eu sei pra onde vou como águia vou, pras alturas sou filho de Deus”. Quando minha filha se apresentava eu via que ela subia, não sei explicar, até falei pra mim mesma:- Ah, passei por tantas coisas, que pensamento absurdo. Estávamos no controle, porém minha filha ficou gripada, ela já fazia artesanato para vender até me ensinou a fazer ponto de cruz. Esta época fazia uns chaveiros com nomes. Sem me pedir ajuda organizou uma pequena contabilidade onde ela registrava os gastos com o material, e o que ganhava. Na penúltima coluna o lucro e na última o dízimo.

Por causa da gripe tive que retornar ao INCA e 45 dias após o testemunho ela deu um aneurisma e faleceu como um passarinho. O que fica registrado em meu coração é que “Guarda o que tens para que ninguém tome a tua coroa”. (Apocalipse 3,11)



Porém, não pense que foi fácil lidar com a perda, mas posso dizer com toda a convicção. DEUS É FIEL. Fiquei tão vazia e sem compreender uma perca tão brusca, então deixei os problemas me envolverem e me afastei de Deus (as pessoas que me rodeavam não sabiam, pois eu não tinha nenhum vício, e aparentemente estava tudo bem) . Foi quando passei por um problema conjugal, e conversando com meu esposo ele disse: - Sei que estou todo errado, no fundo do poço, porém tenho fé em Deus e um desejo muito grande, que um dia darei a volta por cima e conserto minha vida com Deus, pois sei que minha filha herdou os céus, e preciso fazer algo porque quero reencontrá-la. Foi então que algo me despertou. E falei pra mim mesma. Ei, o que estou fazendo, tenho vivido displicentemente preciso me reerguer.

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